Powered By Blogger

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo

De 12 a 22 de Agosto de 2010, no Anhembi.



Ahhh.... não acredito que mais uma vez vou perder a Bienal!

Puff...

O paraíso existe e acaba nesse domingo. Fico imaginando quantos milhões eu gastaria lá...

Hahahahahaha

Okay, chegou a hora contar um dos meus grandes segredos:

Já cheguei a comprar cerca de 30 livros em um único mês.

Isso mesmo... 30 livros/mês

[Doente]

X~


Talvez seja bom eu me afastar do evento por hora, embora minha compulsividade por livros tenha se abrandado.


Bem, fica aqui registrado o meu fascínio pela arte da escrita, a perfeita junção das palavras, aquele encanto posto em papel que nos faz sonhar... simples frases, parágrafos, estrofes e páginas capazes de eternizar momentos, nos transformar em alguém melhor!







Livros e Flores

Teus olhos são meus livros.
Que livro há aí melhor,
Em que melhor se leia
A página do amor?

Flores me são teus lábios.
Onde há mais bela flor,
Em que melhor se beba
O bálsamo do amor?
Machado de Assis








"Há aqueles que não podem imaginar um mundo sem pássaros; há aqueles que não podem imaginar um mundo sem água; ao que me refere, sou incapaz de imaginar um mundo sem livros" 


.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.





terça-feira, 17 de agosto de 2010

Eleições 2010

E foi dada a largada.

Hoje começou oficialmente a propaganda eleitoral gratuita na rádio e tv.

Impossível não perder passar alguns minutos diante da tv para assistir à "festa da democracia" brasileira!
Candidatos que parecem mais clássicos que os dinossauros, frases feitas, histórias de vida (sempre com um toque dramático, claro!), musiquinhas maçantes e segundos de discurso na tentativa de salvar a nação (como se meia dúzia de palavras fossem o suficiente para nos fazer acreditar).

Ah, mas o que realmente me chamou a atenção foi a invasão de (ex) famosos no cenário político.
Deprimente!
Tenho a impressão de que o fim da carreira ou aposentadoria atecipada de alguns apela aos nossos votos.

Batoré, KLB, Marcelinho Carioca, Tiririca, Ronaldo Esper e até Mulher Pêra (dentre muitos outros) desfilam no horário eleitoral, desafiando nossa inteligência, óbvio!
(mas alguém duvida que eles serão votados e, Deus livre a nação, eleitos???)

Tsc...

Como sabemos, esse ano teremos uma imensa responsabilidade na hora de votar. Vamos eleger nada menos que presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual. Ufa!

As eleições acontecem no dia 3 de outubro e o segundo turno (se necessário), dia 31 do mesmo mês.

Ah, só para constar, o fim da propaganda política é no dia 30 de setembro. (rs)


Pois bem, aí está uma grande responsabilidade para o futuro do nosso país.

Vamos fazer um Brasil melhor?

Está em nossas mãos!


.
.
.
.
.
.
.

Pálpebras de Neblina

 

 

 Caio Fernando Abreu


Fim de tarde. Dia banal, terça, quarta-feira. Eu estava me sentindo muito triste. Você pode dizer que isso tem sido freqüente demais, ou até um pouco (ou muito) chato. Mas, que se há de fazer, se eu estava mesmo muito triste? Tristeza-garoa, fininha, cortante, persistente, com alguns relâmpagos de catástrofe futura. Projeções: e amanhã, e depois? e trabalho, amor, moradia? o que vai acontecer? Típico pensamento-nada-a-ver: sossega, o que vai acontecer acontecerá. Relaxa, baby, e flui: barquinho na correnteza, Deus dará. Essas coisas meio piegas, meio burras, eu vinha pensando naquele dia. Resolvi andar. Andar e olhar. Sem pensar, só olhar: caras, fachadas, vitrinas, automóveis, nuvens, anjos bandidos, fadas piradas, descargas de monóxido de carbono. Da praça Roosevelt, fui subindo pela Augusta, enquanto lembrava uns versos de Cecília Meireles, dos Cânticos: “Não digas ‘Eu sofro’. Que é que dentro de ti és tu? / Que foi que te ensinaram/que era sofrer?” Mas não conseguia parar. Surdo a qualquer zen-budismo, o coração doía sintonizado com o espinho. Melodrama: nem amor, nem trabalho, nem família, quem sabe nem moradia – coração achando feio o não-ter. Abandono de fera ferida, bolero radical. Última das criaturas, surto de lucidez impiedosa da Big Loira de Dorothy Parker. Disfarçado, comecei a chorar. Troquei os óculos de lentes claras pelos negros ray-ban – filme. Resplandecente de infelicidade, eu subia a Rua Augusta no fim de tarde do dia Tão idiota que parecia não acabar nunca. Ah! como eu precisava tanto de alguém que me salvasse do pecado de querer abrir o gás. Foi então que a vi. Estava encostada na porta de um bar. Um bar brega – aqueles da Augusta-cidade, não Augusta-jardins. Uma prostituta, isso era o mais visível nela. Cabelo malpintado, cara muito maquiada, minissaia, decote fundo. Explícita, nada sutil, puro lugar comum patético. Em pé, de costas para o bar, encostada na porta, ela olhava a rua. Na mão direita tinha um cigarro, na esquerda um copo de cerveja. E chorava, ela chorava. Sem escândalo, sem gemidos nem soluços, a prostituta na frente do bar chorava devagar, de verdade. A tinta da cara escorria com as lágrimas. Meio palhaça, chorava olhando a rua. Vez em quando, dava uma tragada no cigarro, um gole na cerveja. E continuava a chorar – exposta, imoral, escandalosa – sem se importar que a vissem sofrendo. Eu vi. Ela não me viu. Não via ninguém, acho. Tão voltada para a própria dor que estava, também, meio cega. Via pra dentro: charco, arame farpado, grades. Ninguém parou. Eu, também, não. Não era um espetáculo imperdível, não era uma dor reluzente de néon, não estava enquadrada ou decupada. Era uma dor sujinha como lençol usado por um mês, sem lavar, pobrinha como buraco na sola do sapato. Furo na meia, dente cariado. Dor sem glamour, de gente habitando aquela camada casca grossa da vida. Sem o recurso dessas benditas levezas de cada dia – uma dúzia de rosas, uma música de Caetano, uma caixa de figos. Comecei a emergir. Comparada à dor dela, que ridícula a minha, dor de brasileiro-médio-privilegiado. Fui caminhando mais leve. Mas só quando cheguei à Paulista compreendi um pouco mais. Aquela prostituta chorando, além de eu mesmo, era também o Brasil. Brasil 87: explorado, humilhado, pobre, escroto, vulgar, maltratado, abandonado, sem um tostão, cheio de dívidas, solidão, doença e medo. Cerveja e cigarro na porta do boteco vagabundo: carnaval, futebol. E lágrimas. Quem consola aquela prostituta? Quem me consola? Quem consola você, que me lê agora e talvez sinta coisas semelhantes? Quem consola este país tristíssimo? Vim pra casa humilde. Depois, um amigo me chamou para ajudá-lo a cuidar da dor dele. Guardei a minha no bolso. E fui. Não por nobreza: cuidar dele faria com que eu me esquecesse de mim. E fez. Quando gemeu “dói tanto”, contei da moça vadia chorando, bebendo e fumando (como num bolero). E quando ele perguntou “porquê?”, compreendi ainda mais. Falei: “Porque é daí que nascem as canções”. E senti um amor imenso. Por tudo, sem pedir nada de volta. Não-ter pode ser bonito, descobri. Mas pergunto inseguro, assustado: a que será que se destina?





quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Metade



Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também...


quinta-feira, 5 de agosto de 2010

- Happiness -


Dormir ouvindo o temporal lá fora. Planejar a viagem de férias. Cantar no carro. Cheirinho de pão saindo do forno. Mensagem no celular de madrugada. Receber uma promoção no trabalho.



 

Chocolate quente num dia frio. Massagem. Ouvir a sua música preferida tocar na rádio. O ronronar de um gatinho. Namorado. Acordar com café da manhã na cama. Gargalhada de criança.



Encontrar o presente perfeito. Ir ao cinema. Amor de mãe. Liquidação. Pular na cama. Chorar de felicidade. Primeiro salário. Ver o amanhecer. Feriado. Melhor amiga.









Mãos dadas. Domingo em família. Um banho de piscina numa tarde de verão. Olhar as estrelas. Sentar na calçada. Comer uma pizza num sábado à noite. Chegar no horário. 


Roupa nova. Rir até a barriga doer. Rever o seu filme preferido. Arrumar suas coleções.  Dançar da pior maneira e ainda achar graça.

Abraço. Gentileza. Chocolate. Se sentir segura com a presença do papai. Andar sem rumo. Cheirinho de bebê.





Amar. Ensinar. Rir de suas próprias trapalhadas. Primeiro encontro. Cartão postal. 






CD original. Sapato velho. Carta de amor. Cabelos escovados. Desenho animado. Vento no rosto. Almoço com os amigos






Dormir no sol. Olhinhos de filhote. Banho quente. Álbum de fotos. Pés descalços na grama. Lençol cheirando amaciante. Confiança. 


Olhar nos olhos. Pastel de feira. Bônus para ligações. Final de campeonato. Perfume importado. Ler um bom livro. Aprender. Viver.


Eu. Você!