Expressão bem popular nos dias de hoje, utilizada com maior freqüência por pós-adolescentes que, na maioria das vezes, levou um belo chute no traseiro tempos atrás (ou recentemente mesmo).
Bem, mas o post de hoje não trata de desilusões amorosas ou problemas sentimentais, fala sobre desapego a bens materiais, a nossa capacidade de se desfazer de itens, digamos, desnecessários ao nosso dia-a-dia.
Quem já não guardou ou guarda uma porção de bugigangas e sente aquela dorziiiiinha no peito na hora de dizer adeus?
E, pasmem, compulsividade por compras ou apego demasiado a bens também pode ser sinal de que a vida sentimental não vai nada bem.
(dentre outros motivos, com certeza!)
Confesso que minha compulsividade_consumista_levianum (??) anda bem aguçada, mas meu coração anda de vento em popa... Sou segura e bem resolvida. Amo e sou amada.
Então, como explicar? Será que de fato me falta algo?
Ansiedade? Ociosidade? Dinheiro sobrando?
Ou simplesmente ofertas imperdíveis?
Hahaha
No último mês perdi a conta de quantos livros comprei, coisinhas para minha casa ...somados a óculos de sol, bijouterias e roupas (que não preciso, diga-se de passagem).
Quanto dinheiro!
Tenho até medo de botar na ponta do lápis... e muito menos contar as minhas façanhas financeiras.
Ponto super positivo: Não tenho dívidas na praça, tudo que compro pago à vista ou cabe tranquilamente no meu orçamento do próximo mês.
(o que apenas não me causa um novo problema)
Assim mesmo, há algo errado!
Talvez essa "doença" seja provocada por outros fatores, algo a se pensar e estudar.
(cientistas, I'm here!)
Bem, por via das dúvidas vamos cultivar o amor e eliminar toda aquela baguncinha da nossa vida?
Boa oportunidade também para colocar tudo em ordem e, quem sabe, ajudar quem precisa doando aquele sapato lindo que te machuca o pé ou aquela calça jeans que você usou naquele inesquecível 1º encontro e nem te serve mais, por exemplo... rs
Afinal, recordações são guardadas primeiramente em nosso coração, e se você precisa de algum objeto para se lembrar, é porque não deve ter sido tão marcante assim... E o amor (inclusive pelo próximo) nunca é demais!
E chega de compras!
(praticar o autocontrole também não vai nada mal)
Desafio: para cada item adquirido, um deve ser doado ou descartado
Difícil, mas vamos lá...
Boa sorte (para nós)!
A seguir, matérias interessantíssimas retiradas do
IG.
Lembrança, papel, coleção e até lixo. Gostar de coisas que nos lembram algo feliz ou que lutamos para ter é bom. Jogar fora também
O papel do chiclete que seu namorado te deu no dia em que resolveram começar um relacionamento. O ingresso do primeiro filme que seu filho assistiu com você no cinema. Um botão de rosa que fazia parte do seu buquê da noiva. Para cada pessoa, um objeto vai ter valor sentimental único. Mas o que é lembrança e o que é apego?
A palavra “apego” é muito usada na religião budista. Os praticantes acreditam que este seja um defeito básico do ser humano que produz grande sofrimento. De acordo com o lama budista da linhagem tibetana Ningma e presidente do Centro de Estudos Budistas Bodisatva Lama Padma Samten, o problema não é possuir bens materiais e, sim, buscar satisfação nestes objetos.
“Felicidade e paz são coisas que encontramos em nosso interior. Quem não entende isso está procurando estas sensações e nunca vai encontrá-las. Pessoas que estejam vulneráveis possuem mais dificuldade em encontrar um estado interno de felicidade”.
O desapego é um ensinamento de extrema importância para os budistas. Lama Samten afirma que o praticante da religião não quer coisas materiais. Budistas desejam uma vida de felicidade e de lucidez verdadeira aos seus semelhantes. “Acho que hoje, no mundo, falta um olhar mais amoroso ao próximo. Falta um sentimento de comunidade que é a base de uma civilização”.
Valor sentimental inestimável
É claro que só porque alguém guarda uma roupinha de quando o filho era pequeno ou conchinhas coletadas nas praias que visitou não significa que esta pessoa tenha algum distúrbio.
A publicitária Natália Boaventura, 24, é um exemplo de quem tem apenas mania de guardar coisas. Ela conta que possui um baú onde ficam os objetos que tenham valor sentimental agregado.
“Eu sei que eu não vou me esquecer de um momento bom só porque joguei fora um bilhete. Mas mesmo assim não gosto de me desfazer de nada que me traga boas lembranças. Eu não me apego pelo valor material, e sim pelo que o item significa”, afirma.
Mesmo dizendo não se incomodar com sua mania, ela admite que acaba tendo alguns problemas no seu dia a dia. Uma das questões que mais preocupa Natália, além de não ter mais espaço para guardar tantas coisas, é a higiene. “Dá trabalho cuidar de tudo. Tem que sempre limpar tudo direitinho”.
A médica psiquiatra Bárbara Perdigão Stumpf explica que este cuidado é um dos diferenciais entre indivíduos doentes e os que gostam de colecionar itens variados. “Um pouco de apego todo ser humano tem. Tenho pacientes que possuem mais de cem pares de sapatos, mas limpos e organizados. O mesmo no caso de colecionadores. Gostar de colecionar coisas não atrapalha a vida das pessoas. O apego patológico é diferente. Estas pessoas acumulam lixo, coisas sem utilidade alguma”.
Será que é possível aprender a se desapegar das coisas? O psicanalista e hipnólogo clínico Paulo Giraldes acredita que existem ações que facilitam este processo. “Estabelecer prazos para realizar uma faxina geral no quarto, por exemplo, pode ser um caminho. Acho que o mais importante de tudo é se perguntar, toda vez que estamos guardando algo, se aquilo tem utilidade. É preciso que a gente pare de fazer as coisas por inércia e comece a racionalizar nossas atitudes diárias”, ensina.
“Sou uma máquina de jogar tudo fora”
Se Natália não tem mais onde guardar seus pertences, o mesmo não acontece com a psicóloga Thais Picerni, 33. “Não consigo guardar nada. Se tem algo que não uso há mais de dois ou três meses eu me desfaço”.
A mania de Thais já lhe causou prejuízo. Ela conta que quando ficou grávida pela segunda vez, de mais uma menina, teve que recomeçar o enxoval do zero porque não tinha nada guardado. “Acho que, às vezes, jogo fora coisas que eu podia guardar por um tempo maior. Mas me irrita ver algo sem ser usado”.
A psicóloga é o terror das pessoas que convivem com ela. Se Thais passa perto da gaveta do marido, não consegue deixar de retirar alguma coisa. Ele, claro, não gosta nada disso. “Eu nem abro mais a parte do armário dele para não dar aquela vontade de me desfazer de tudo”, confessa.
“Eu sou feliz assim. Mas as pessoas morrem de medo de mim. Fui ajudar minha mãe em sua mudança um tempo atrás e até hoje ela está brava porque joguei muita coisa que não devia fora”. A psicóloga já teve problemas sérios por causa da sua mania. “Lembro que, por engano, joguei o documento de compra e venda do meu carro no lixo. Também já fiz isso com o meu diploma de faculdade. Para tirar todos os documentos de novo foi uma dor de cabeça”.
O psicanalista Paulo Giraldes pondera que o equilíbrio é muito mais benéfico do que os extremos. “Quem simplesmente se desfaz de tudo também não racionaliza a situação. Age por impulso”, afirma.
Quando é doença
Antes de tudo é necessário saber diferenciar a mania da doença. Pessoas que guardam muitas coisas, mas são capazes de jogar determinados itens fora, não têm nada com o que se preocupar. O problema começa quando existe um apego excessivo pelas coisas e isso acaba causando um impedimento grave para que a pessoa se desfaça de algo.
Os casos extremos são conhecidos como “hoarders” em inglês. Algo que pode ser traduzido como “acumuladores”. São pessoas que guardam tantas coisas que não conseguem nem sequer se locomover com facilidade dentro de casa. O canal de TV paga Discovery Home & Health estreou quinta (24), às 22h, a série “Acumuladores”, que mostra a vida dos que sofrem com essa compulsão.
“Um grande problema entre os acumuladores é o isolamento social. Por razões que ainda não conseguimos entender completamente, há uma tendência que estas pessoas vivam sozinhas e não convidem ninguém para ir até suas casas. Não significa que elas sejam socialmente inaptas. Muitas têm amigos, mas simplesmente não os convidam para entrar em suas residências”, explica a professora titular da Universidade de Boston (EUA) e uma das maiores estudiosas do mundo no assunto Gail Steketee.
Esta dificuldade extrema de se desfazer de algumas coisas é classificada como um transtorno mental. “É extremamente perigoso se a família resolve simplesmente jogar tudo o que foi acumulado fora. O que se recomenda para pessoas que sofrem deste transtorno é o auxílio médico”, diz Gail.
A professora ainda ressalta que esta doença pode acontecer com qualquer um, mas que é mais comumente diagnosticada entre adultos e idosos. “Eu diria que a maioria das pessoas está entre 40 e 60 anos. Mas também há muitos pacientes mais velhos. Os homens parecem sofrer mais deste problema do que as mulheres, porém elas procuram tratamento com mais freqüência”.
Pessoas que se apegam muito a objetos de valor podem ser menos seguras em seus relacionamentos pessoais, diz estudo
Seres humanos têm a necessidade de se sentirem seguros, e a sensação de segurança pode vir tanto de bens materiais quanto de relacionamentos estáveis. Se as pessoas não se sentem amadas e aceitas pelos outros, dizem os cientistas, a importância das coisas aumenta.
"Nós conduzimos duas pesquisas e o resultado básico encontrado nas duas é que, se você faz com que as pessoas se sintam seguras nas relações interpessoais, elas atribuem um valor menor a suas posses”, afirma Margaret Clark, autora do estudo e professora de Psicologia na Universidade de Yale.
"Acho que as pessoas sabem muito bem que elas não precisam de tudo que têm ou querem adquirir. Ninguém precisa dizer isso a elas. Mas elas podem não saber a razão de quererem isso”, diz.
"Humanos são criaturas sociais e têm seus pontos vulneráveis. Relacionamentos íntimos dão proteção. Por exemplo, crianças não sobrevivem sem outras pessoas. Mas posses materiais também dão proteção e segurança. Humanos precisam de comida, roupas e abrigo para sobreviver. Então é preciso uma mistura de coisas para que as pessoas se sintam seguras. Mas se uma das fontes de segurança é aumentada, as pessoas se preocupam menos com as outras”, explica.
O estudo
Para confirmar esta teoria, Clark e seus colegas da Universidade de New Hampshire e da Universidade de Genebra conduziram dois estudos. O primeiro incluiu 185 pessoas entre 18 e 71 anos; 70 das quais eram do sexo masculino.
Os participantes foram aleatoriamente designados para um grupo a quem foi pedido que escrevesse um parágrafo sobre alguma vez em que se sentiram amparados ou para outro grupo a quem foi pedido que escrevesse uma descrição de alguma experiência agradável em um restaurante. Então foi pedido que os dois grupos atribuíssem um valor monetário aos cobertores que usavam em casa.
O grupo que foi estimulado a se sentir amparado atribuiu um valor médio de 33,38 dólares, enquanto o outro grupo avaliou o mesmo objeto em média em 66,49 dólares – quase o dobro.
Uma vez que o cobertor é um item extremamente pessoal e frequentemente associado à segurança, os pesquisadores decidiram investigar também o que aconteceria com um item mais genérico e sem relação com calor e conforto. Neste segundo estudo, 98 pessoas (30 delas homens) com uma idade média de 21 anos, foram aleatoriamente separadas em três grupos. Cada grupo tinha que organizar 30 frases, 20 das quais tinham sentido neutro. As dez restantes variavam conforme cada grupo.
Um grupo organizou frases usando palavras de segurança e amparo, como “abraço”, “amor”, “compromisso” e “conforto”. Outro teve que usar palavras positivas, como "feliz", "alegre", "festivo" e "vitória”. O grupo final usou frases com palavras neutras, como "barco", "livro", "sapato" e "cerca".
Os participantes então tiveram que estimar o valor da caneta que usaram para completar o teste, escolhendo um valor entre 25 centavos e 9,75 dólares. O grupo que usou palavras reconfortantes como “amor” estimou o preço da caneta em 3,23 dólares, enquanto aqueles com palavras positivas escolheram 4,11 dólares. O grupo neutro estimou a caneta em 4,18 dólares.
Clark diz que as descobertas podem auxiliar especialistas a ajudar pessoas que costumam acumular muitas coisas ou que compram compulsivamente. E, ela afirma, pode ajudar na vida cotidiana também. "Se você entende o que está por trás dos impulsos dos outros, pode criar uma estratégia para combater isso. Se tem um cônjuge que faz compras demais, no lugar de brigar por causa dos gastos um elogio pode funcionar mais do que simplesmente dizer que a compra é supérflua”, diz Clark.
"O ponto central deste estudo é que uma vida satisfatória envolve muito mais do que adquirir bens”, afirma Richard Morrissey, diretor do Center for Psychological Services na St. John’s University em New York City. "Objetos nos dão uma sensação de segurança, mas se nos sentimos seguros nos relacionamentos, damos menos valor para coisas”.
Morrissey diz que terapia pode ajudar as pessoas a mudar a forma como pensam e ajudar na compreensão de que elas não precisam comprar coisas para se sentirem melhor.
"É como a história do copo meio cheio ou meio vazio. Duas pessoas podem olhar para a mesma situação de maneiras diferentes. Não enxergue a vida de maneira pessimista. Ninguém sabe o que o futuro nos reserva, então não é irracional acreditar que amanhã será um bom dia”, diz Morrissey.
Os resultados da pesquisa aparecem na edição de março do Journal of Experimental Social Psychology.